quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e Base Nacional Curricular Comum (BNCC)

Olá meus queridos leitores, tudo bem com vocês? Espero que sim.
Já conversamos sobre os sistemas físicos e seus movimentos, já conversamos sobre Bioluminescências e Terremotos. Porém, nossa discussão de hoje será sobre temas educacionais, análise e posterior explicação das diferenças entre Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), bem como sua aplicabilidade no município de Maracanaú.
Mas antes de começar a analisar essas diferenças, é importante que saibamos o que sejam essas PCNs e BNCC. Esses dois documentos são considerados, hoje, os mais importantes documentos que detalham o funcionamento da Educação Brasileira.

Ao entrar no site do Ministério da Educação (MEC) (http://basenacionalcomum.mec.gov.br/download-da-bncc) e procurar por Base Nacional Curricular Comum, você tem acesso ao download das Bases relacionadas a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, bem como seus campos (as diversas disciplinas) e a faixa etária, permitindo que se tenha acesso às competências e habilidades que cada estudante deverá desenvolver dentro de cada eixo temático. Dessa forma, podemos entender que a BNCC é um documento de caráter normativo (obrigatório) que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Cada sistema de ensino precisa adequar seus currículos escolares e Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) nessa norma. Ela foi homologada em dezembro de 2017 pelo MEC e orienta:

1-    A elaboração dos currículos e das propostas pedagógicas das escolas públicas e privadas
2-      Política para formação de professores
3-      Produção de Material didático
4-      Avaliação

Em outras palavras, a BNCC foi proposta com a finalidade de contemplar todas as dimensões no desenvolvimento humano, por isso que ela propõe uma educação integral, que une. Não vamos confundir educação integral com educação em tempo integral. Essa última refere-se a estada do aluno por mais de um período dentro da escola realizando diversas atividades extracurriculares. Uma educação integral significa aquela que agrega, nesse caso, ela permite que o aluno se desenvolva intelectualmente, fisicamente, socialmente, culturalmente, psicologicamente, afetivamente. E para isso, os currículos nacionais precisam desenvolver conhecimento, habilidades e atitudes. Essas competências específicas desenvolvidas permite a ligação dos alunos com seu cotidiano.
Mas será que fácil ensinar baseado nessas competências? Acredito que seja um desafio, porque ele impacta tanto a construção do currículo, como o processo de ensino aprendizagem, a formação dos professores e avaliação. Então essa nova proposta de ensino, impacta não somente os alunos, como os professores que terão de se atualizarem para se adaptar a essa nova metodologia de ensino por competências ao longo de toda a Educação Básica (RICO, 2018).
Seguem as competências gerais para que a gente tenha uma noção dessa formação holística do aluno:

1-      Conhecimento
2-      Pensamento científico, crítico e criativo
3-      Repertório cultural
4-      Comunicação
5-      Cultura digital
6-      Trabalho e projeto de vida
7-      Argumentação
8-      Autoconhecimento e autocuidado
9-      Empatia e cooperação
10-  Responsabilidade e cidadania

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, bem como as Diretrizes Curriculares são documentos orientadores e não obrigatórios que tendem a ser substituídos. Os PCNs são recomendações de normas para as escolas e professores seguirem. Eles são usados como referências para a construção das matrizes curriculares dos professores. Eles fazem uma referência às disciplinas propriamente ditas, vinculando-as às três áreas do conhecimento propostas pelas Diretrizes Curriculares como: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e suas Tecnologias. O PCN é um norteador da prática didática, possui uma visão integradora das disciplinas relacionando-as dentro de uma mesma área de conhecimento e entre as outras áreas de conhecimento. Ele permite difundir uma reforma curricular e nortear o professor na busca de novas metodologias de aprendizagem, novas abordagens. Por exemplo, os PCN+ reafirmam que o ensino seja norteado por competências, e dentro da Biologia, podemos citar 6 temas estruturadores, como:

1-      Interação entre os seres vivos
2-      Qualidade de vida das populações humanas
3-      Identidade dos seres vivos
4-      Diversidade da vida
5-      Transmissão da vida, ética e manipulação gênica
6-      Origem e evolução da vida

Ao entrar no portal do MEC, vocês conseguem observar como estão organizados e dispostos esses temas estruturadores: (http://portal.mec.gov.br/expansao-da-rede-federal/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12598-publicacoes-sp-265002211).
Esses temas ajudam o professor a organizar suas práticas pedagógicas, a fim de desenvolver as competências nos alunos, aliando fenômenos biológicos com fenômenos em outras disciplinas, permitindo o questionamento de acontecimentos de um dado evento; permitindo o aluno solucionar algum problema que surgir (BRASIL, 1997). Para que esse aluno alie a teoria observada e discutida em sala de aula com a prática vivida em seu cotidiano.
Porque a gente sabe que o processo de aprendizagem é árduo, ainda mais quando é acrescido de algumas limitações que a maioria dos alunos enfrenta para chegar e permanecer na escola. É por isso que o professor não pode ser apenas aquele tradicional transmissor do conhecimento, ele precisa inserir momentos de discussão, relacionar o conhecimento científico com o cotidiano, contextualizando-o. E essas ações norteadoras podem ser encontradas nas PCNs que definem ciência como um meio para a compreensão do mundo (BRASIL, 1999). Os PCNs estão estruturados em dois temas principais: a interdisciplinaridade e a contextualização. Durante muito tempo, o professor de Biologia ministrava aula de ecologia, por exemplo, sem conectar com os mesmos temas vistos em geografia física, por exemplo. O aluno, por sua vez, não conseguia entender o porquê de estar aprendendo aquela matéria “duas vezes”. Ou dentro da mesma área, trazendo o exemplo novamente da biologia, o aluno aprendia o conteúdo de citologia e depois, naquele mesmo ano ou no ano seguinte, o de sistemas biológicos, como o sistema circulatório, sem entender que aquele sistema era composto pelas mesmas células que ele havia estudado anteriormente. Ricardo (2003) fala justamente dessa aprendizagem organizada em áreas, o que deixa as disciplinas desconexas. Um passo marcante para essa contextualização foi com a LDB de 1996. Desde então temos avanços significativos, cabendo ao professor aperfeiçoar suas técnicas e didática, a fim de utilizar esses documentos norteadores e contribuir para uma educação de qualidade. Não muito distante disso, uma Base Nacional para a formação de professores da educação básica, está sendo desenvolvida, com uma formação inicial e continuada, com criação de institutos e residências pedagógicas. O documento será entregue ainda para o Conselho Nacional de Educação para posterior aprovação, segundo o site do G1 (https://g1.globo.com/educacao/guia-de-carreiras/noticia/2018/12/13/mec-divulga-base-comum-para-reformar-a-formacao-de-professores.ghtml). 
Mas você pode perguntar, Camila, qual a relação entre BNCC e PCN? Te respondo com a seguinte figura:

Entendo que a nossa Constituição Federal de 1988 rege tudo isso e que prevê que a Educação tem que estar a serviço do pleno desenvolvimento da pessoa e que esta esteja preparada para o exercício da cidadania e qualificação do trabalho. Por sua vez, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 (Lei 9.494/1996) determina que a União realize um pacto interfederativo em que serão estabelecidas competências e diretrizes para o currículo. A Base foi construída democraticamente com o apoio dos educadores e da sociedade. Ela permite uma educação mais integral. É como se realmente, da esquerda pra direita, um fosse mais abrangente e englobasse o que vem na frente, em seguida, tornando a BNCC mais específica.
A Proposta da Base é articular anualmente, da educação infantil ao ensino médio o que deve ser ensinado aos alunos e o que se espera que os alunos aprendam. Que eles saiam de uma determinada série sabendo o que foi esperado e descrito na Base para aquele ano. Os Parâmetros Curriculares já possuíam essas diretrizes, mas bem mais geral e não obrigatório, nem anualmente. Na Base conseguimos um documento mais detalhado, por exemplo: em matemática, espera-se que o aluno do 5º ano termine sabendo esse assunto X; não se espera que ele saiba menos que isso, pode até saber mais, mas não menos. Isso deverá acontecer independente da localidade e do tipo de rede educacional a que esse aluno pertence.
De acordo com o disponível no site da Prefeitura de Maracanaú em 23 de agosto de 2018, o Conselho Municipal de Educação – CME recebeu, da Secretaria Municipal de Educação, o documento da Base Curricular de Maracanaú – BCM, com a proposta de adequação das orientações municipais à Base Nacional Comum Curricular – BNCC. Antes da aprovação do referido documento, faz-se necessária a escuta da comunidade educacional sobre tal proposta. A proposta de Base Curricular de Maracanaú pode ser obtida no link a seguir (http://www.maracanau.ce.gov.br/conselho-municipal-de-educacao-abre-consulta-publica-para-a-base-curricular-de-maracanau/).
Em conversa com a presidente do Conselho de Educação de Maracanaú, Francisca Francineide de Pinho, A BCM em Maracanaú está em fase de implementação. Nesse ano foram realizadas rodas de conversa, seminários e a proposta curricular foi entregue ao CME para análise e aprovação. Foi disponibilizado um documento para consulta pública e foi construída uma comissão bicameral para relatoria da Base Curricular Municipal. Está agendada para o dia 08/01/19 a reunião do Conselho Pleno para aprovação do documento. Ela acrescentou que a perspectiva para 2019 é que todas as escolas façam a adequação de suas propostas pedagógicas, para que a BNCC, acolhida pela BCM seja efetivada no espaço escolar e que as aprendizagens essenciais sejam garantidas aos estudantes nesse processo de formação integral.
É, portanto, indiscutível que a Base traga benefícios para a comunidade escolar de Maracanaú, como de muitos outros municípios. Ela nos traz um novo olhar para a educação, tanto na forma de ensinar como na de aprender.
Espero que essa postagem tenha trazido mais conhecimento para nós!
Abraços.


Referências Bibliográficas
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. Edição 4. São Paulo: Saraiva, 1990.
BRASIL.  Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
BRASIL.  Ministério da Educação (MEC). Secretaria de Educação Média e Tecnológica (Semtec). Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, Brasília: MEC/Semtec, 1999.
BRASIL.  Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais, Brasília: MEC/SEF, 1997.
RICARDO, E.C.  Implementação dos PCN em sala de aula: dificuldades e possibilidades. Caderno Brasileiro de Ensino de Física. Florianópolis, v. 4, n. 1, 2003.
RICO, ROSI. O que são as competências gerais presentes na BNCC. Nova Escola. Revista Digital. Edição 309. Ano 32. 2018.

Sites
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/download-da-bncc. Visualizado dia 12/12/2018 às 20h.
https://g1.globo.com/educacao/guia-de-carreiras/noticia/2018/12/13/mec-divulga-base-comum-para-reformar-a-formacao-de-professores.ghtml. Visualizado dia 13/12/2018 às 19h.
http://portal.mec.gov.br/expansao-da-rede-federal/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12598-publicacoes-sp-265002211. Visualizado dia 12/12/2018 às 21h.
http://www.maracanau.ce.gov.br/conselho-municipal-de-educacao-abre-consulta-publica-para-a-base-curricular-de-maracanau/. Visualizado dia 13/12/2018 às 10h.