Olá meus queridos. Tudo bem com vocês? Após tantos acontecimentos vivenciados por nós ao longo desse ano, resolvi fazer uma breve publicação sobre parasitoses. E escolhi a parasitose da família Ascarididae, gênero Ascaris.
Quem nunca escutou algum parente dizer que estava com lombriga? Até a vó da gente fala quando estamos comendo demais: “- Esse menino parece que tem uma lombriga na barriga”. Não é verdade? Pois bem, pra quem não conhece muito bem a “lombriga” ou “bicha”, esses são nomes populares dados a uma parasitose que se mantém num ciclo dentro de nosso intestino – pulmão - intestino. Vamos descobrir na postagem de hoje que o nome dado a quem tem essa parasitose é ascaríase, ascaridose ou ascariose.
Na verdade, essa endoparasitose é causada pelo verme nematoda Ascaris lumbricoides, muito comum na população humana. Segundo um estudo feito por Almeida filho et al. (2017) que visava analisar a prevalência de enteroparasitas em amostras fecais provenientes de pacientes da rede pública e privada da Região Metropolitana de Fortaleza – CE, no período de abril/2014 a novembro/2016, foi identificado que do total de 6.596 amostras fecais analisadas de pacientes, 1,32% correspondia a presença de Ascaris lumbricoides.
No entanto você pode se perguntar, “- mas como eu me contamino com esse verme?”. Então... A infecção ocorre através da ingestão de alimentos ou bebidas contaminadas com ovos do verme Ascaris lumbricoides. Após a ingestão desses ovos, eles eclodem nos intestinos de humanos e de alguns macacos superiores como gorilas e chimpanzés, e penetram através da parede do intestino, migrando para os pulmões através do sangue. Ali, invadem os alvéolos e depois migram (ou são tossidos) pelos brônquios até a faringe, onde são deglutidos para o esófago. Depois passam pelo estômago pela segunda vez em direção ao intestino, onde se tornam vermes adultos. Esses vermes adultos são longos, cilindros e apresenta extremidades afiladas, na Figura 1, conseguimos destacar uma dessas extremidades - a boca – com seus três lábios visíveis. As fêmeas podem medir até 40 cm, enquanto os machos até 25 cm (PANTOJA et al., 2015). Você sabia que a fêmea que consegue colocar 200.000 ovos não embrionados por dia?
Figura 1: Uma das extremidades do verme Ascaris lumbricoides. Foto disponível em https://www.colegioweb.com.br/saude/lombriga-e-oxiuro-doencas-partir-solo.html. Visitado em 29/09/2020.
Os sintomas irão depender da carga parasitária, existem desde os casos assintomáticos até casos com alterações mais visíveis como subnutrição, obstrução intestinal; e em casos extremos, o aparecimento desses helmintos no nariz, boca e orelha. A prevenção é feita com a melhoria das condições de saneamento básico, lavagem das mãos com sabão. Não existe vacina e os tratamentos recomendados pela Organização Mundial de Saúde consistem na medicação com albendazol, mebendazol, levamisol ou pamoato de pirantel.
As enteroparasitoses são problemas de saúde pública associadas às condições socioeconômicas, principalmente pela falta de conhecimento de bons hábitos sanitários da população. Por isso é preciso programas de educação e conscientização, principalmente para as populações carentes (ALMEIDA FILHO et al., 2017).
*Referências
ALMEIDA FILHO, Marcos Adelino et al. Prevalência de enteroparasitas na região metropolitana de Fortaleza, Ceará. Acta Biomedica Brasiliensia, v. 8, n. 2, p. 91-100, 2017.
PANTOJA et al. Princípios de parasitologia, EdUECE, 2015.